O Castelo de Tomar
Tomar nasce da doação do Castelo de Ceras e seu termo aos Templários, por D. Afonso Henriques em 1159. O território era atravessado a sul pelo rio Tomar, com um fértil vale limitado a poente por uma cadeia de colinas de relevo acentuado. Foi numa dessas colinas, sobranceira ao rio, que Mestre D. Gualdim Pais, fundou, em 1160, o castelo e vila de Tomar.
O castelo era constituído por uma cintura de muralhas que rodeavam o cabeço. Duas cortinas de muralha dividiam-no interiormente em três recintos. Na parte sul da fortaleza, situava-se o recinto vila, onde hoje está o laranjal. A norte, na parte mais elevada da colina foi estabelecida a casa militar dos Templários, flanqueada a nascente pela casa do Mestre, a Alcáçova com a sua torre de menagem, e a poente pelo oratório dos cavaleiros, a Charola. Separava estes dois recintos um terceiro, o vasto terreiro do castelo, hoje espaço ajardinado.
Nas muralhas do Castelo, a Porta da Almedina era a porta de entrada para a almedina ou burgo interior. Por ordem de D. João III, no século XVI, foram feitas obras para adaptação do Convento a Ordem de clausura, pelo que a utilidade da Porta desapareceu, sendo encerrada. Também é conhecida por “Porta do Sangue” por aí ter sido sustida a investida muçulmana no ataque de 1190, ocorrendo grande mortandade.
O Castelo dispõe de três recintos muralhados, em que se destacam a Charola e a Torre de Menagem. A grande inovação surge com os portentosos alambores que guarnecem e reforçam a defesa da muralha. Entre a alcáçova e a Charola, no espaço onde foram, no século XV, os Paços do Infante, há vestígios da ocupação muçulmana.
Veja aqui o episódio do programa Visita Guiada da RTP2.
A Charola
A Charola, concluída em 1190, era o oratório dos Templários, no Castelo. A sua tipologia é comum das igrejas bizantinas, a qual volta a integrar o românico com o movimento das Cruzadas. Trata-se de uma estrutura cilíndrica compacta de influência oriental, dos séculos XII e XIII, indiscutivelmente militar para proteger o sagrado, que alude ao Santo Sepulcro de Jerusalém. No interior, acolhe, com generoso deambulatório, um tambor central octogonal de oito pilares compostos por quatro colunas adossadas cada um. No início de Quinhentos, foi rasgado um amplo arco para o Coro, cuja iluminação provém do óculo que, no exterior, integra a decoração da Janela do Capítulo. Esta obra do início do século XVI foi encomendada a Diogo de Arruda. A cargo de João de Castilho ficou a ligação abobadada do Coro à Charola. A entrada, um portentoso portal e uma fachada ricamente trabalhados, são também de Castilho. A decoração da Charola é composta por motivos na estrutura do tambor central, pinturas na abóbada anelar, pinturas murais no segundo andar do tambor, da autoria de Fernão Anes, 7 tábuas de grandes dimensões (das 14 originais que estavam na parede exterior do deambulatório), com cenas da vida e paixão de Cristo, da oficina do pintor Jorge Afonso, e por esculturas em madeira, representando anjos, santos e profetas, assim como uma Virgem com São João Batista, da autoria de Olivier de Gand.
Já com o castelo sede dos cavaleiros de Cristo, o Infante D. Henrique, governador e regedor da Ordem de 1420 a 1460, irá fazer as primeiras alterações na rotunda templária com vista a dotá-la dos requisitos espaciais com vista a aí se desenrolar as funções litúrgicas do ramo de frades contemplativos que ele entretanto introduzira na Milícia de Cristo. Para tal ele vai abrir dois janelões no paramento dos dois tramos do deambulatório virados a poente, para depois aí instalar, pendorado na alvenaria um coro em madeira. Ao mesmo tempo faz abrir quatro capelas nas paredes do deambulatório orientadas a NE, NO, SE e SO. Nos restantes tramos instala altares circundando o deambulatório.
Com a ampliação do espaço litúrgico por D. Manuel I, são removidos os madeiramentos do Infante e os tramos dos janelões são definitivamente abatidos para dar lugar ao vão do arco triunfal que articula o espaço templário com a nave manuelina. A Charola passará então a funcionar como capela-mor da nova igreja conventual. Será enriquecida com obra de arte sacra que incluiu escultura, pintura sobre madeira e sobre couro, pintura mural e estuques. Particularmente importante foi a descoberta, nos nossos dias, de pinturas manuelinas a abóbada do deambulatório, e que haviam sido recobertas de cal em época posterior ao terramoto de 1755, cujos efeitos se fizeram sentir no edifício. O seu restauro ocorreu entre 1987 e 2014.
A Igreja de Santa Maria do Olival
Igreja bailia, dedicada a Santa Maria, foi panteão da Ordem do Templo, desde o século XIII. Ali se encontram sepultados alguns Mestres Templários, entre os quais D. Gualdim Pais, mestre da Ordem do Templo, cuja morte terá ocorrido no ano de 1195, assim como o Mestre D. Gil Martins, primeiro Mestre da nova Ordem de Cristo, e o Mestre Lourenço Martins. Atualmente, a lápide de D. Gualdim Pais encontra-se na parede da segunda capela, para onde foram transferidos os seus restos mortais, depois de retirados os túmulos a mando de D. João III.
Edifício de planta longitudinal, composto por três naves, com cabeceira tripartida de absidíolos quadrangulares e ábside de 5 faces. As naves são definidas por arcos em ogiva e grande rosácea que encima o pórtico que domina a nave central. Edificada provavelmente sobre as ruínas de um antigo mosteiro beneditino, sofreu, no séc. XIII, alterações que lhe conferiram o aspecto actual. Mais tarde, nos períodos de D. Manuel I e D. João III, a igreja sofreu igualmente reparações e alterações, nomeadamente a galeria sul.
Com a Ordem de Cristo, Santa Maria do Olival chegou a ser igreja matriz de todas as paróquias de além mar. Este templo, considerado Monumento Nacional desde 1910, é um dos mais simbólicos edifícios da arte gótica em Portugal.
Desconhece-se, no entanto, qual era a estrutura e o estilo deste santuário inicial. A Igreja atual foi edificada mais tarde, em meados do século XIII. O seu estilo gótico bem definido, desde logo se destacou no panorama da arquitetura gótica nacional. A sua interessante estrutura espacial de três naves de diferentes alturas, sendo a nave central mais elevada, serviu de modelo à Igreja de São João Baptista, também na cidade de Tomar, e a outras igrejas representativas do final do período gótico português.
No exterior, destaca-se, na fachada, a magnífica rosácea em vidro que ilumina o interior do templo, assim como a torre de atalaia adaptada a campanário e a loggia lateral.
Ao longo dos tempos, a Igreja de Santa Maria do Olival foi mantendo essa função de mausoléu, o que fez com que no século XVI fossem construídas, na parte sul da Igreja, várias capelas privadas. Na capela-mor, destaca-se a grandiosidade do túmulo de estilo renascentista onde foi sepultado D. Diogo Pinheiro, o primeiro bispo do Funchal, no início do século XVI. A construção deste túmulo é atribuído a Diogo Pires-o-Moço, afamado escultor desses tempos. Também na capela-mor, a imagem que se vê é do século XVI e representa a Nossa Senhora do Leite. A rosácea que figura sobre o altar-mor, representando o signo de Salomão, é de origem recente, introduzida aquando do grande restauro de 1940.
Durante o período da Ordem de Cristo, a Igreja de Santa Maria do Olival chegou a ser a igreja matriz com jurisdição sobre todas as igrejas além-mar da época dos Descobrimentos, conforme a bula papal de 13 de Março de 1455.
Mesmo em frente ao edifício, encontra-se uma torre onde se acredita que havia um túnel que ligava a Igreja ao Castelo Templário.
Fonte: http://www.conventocristo.gov.pt/pt/index.php?s=white&pid=237&identificador=ct161_pt